Brasileiros deportados dos Estados Unidos denunciaram agressões por parte de agentes americanos durante o voo de repatriação. Eles desembarcaram no Aeroporto de Confins, em Minas Gerais, neste sábado (25), após passarem por uma escala em Manaus.
Os relatos indicam que as agressões ocorreram no Panamá, onde a aeronave teve problemas técnicos. Os deportados afirmam que ficaram por longos períodos sem ar-condicionado, sem acesso a água e comida e impedidos de sair do avião. A situação gerou protestos e, segundo os passageiros, os agentes reagiram com violência.
“Eles bateram na gente”
Carlos Vinícius de Jesus, 29, descreveu momentos de pânico. “Eles falaram que podiam fechar a porta do avião e matar todo mundo. Bateram em quem tentou protestar. Se a gente não reagisse, não sei o que teria acontecido”, relatou.
Outro passageiro, Luiz Fernando Caetano Costa, afirmou que viu colegas sendo derrubados e agredidos. “Os meninos estavam algemados. Eles jogaram no chão e chutaram. Um deles levou um mata-leão”, disse.
Os depoimentos também mencionam dificuldades dentro da aeronave. Marcos Vinícius Santiago de Oliveira contou que o avião teve falhas nos motores e ficou sem ventilação por horas. “No Panamá, o avião não queria funcionar. A gente ficou sem ar, algemado, sem poder sair. Depois, em Manaus, vimos fumaça em uma turbina. Ficamos com medo”, afirmou.
Governo brasileiro exige esclarecimentos
Diante das denúncias, o Itamaraty anunciou que pedirá explicações ao governo dos Estados Unidos. O chanceler Mauro Vieira esteve em Manaus para apurar detalhes do ocorrido e se reuniu com representantes da Polícia Federal e da Força Aérea Brasileira.
O governo brasileiro considerou a situação “inaceitável” e ressaltou a importância do respeito aos direitos humanos. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, classificou os relatos como “graves” e destacou que o Brasil tem uma política de repatriação baseada no respeito à dignidade dos migrantes.
“Cada país tem suas regras de imigração, mas isso não pode significar tratamento degradante. O que vimos aqui são denúncias muito sérias de violação de direitos”, afirmou a ministra.
Após a chegada a Manaus, a Polícia Federal ordenou a retirada imediata das algemas e garantiu suporte aos deportados. A Força Aérea Brasileira foi acionada pelo governo Lula para transportar os brasileiros até Belo Horizonte.
O caso continua em investigação, e os migrantes que sofreram agressões devem passar por exames de corpo de delito para embasar futuras ações diplomáticas.