Carla Zambelli (PL-SP), ex-aliada de Bolsonaro, deve ser condenada a 10 anos de prisão pelo STF; entenda

Zambelli também perdeu o cargo de deputada federal.

ANÚNCIOS

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a uma pena de dez anos de prisão por crimes relacionados à invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à inserção de documentos falsos.

No mesmo julgamento, o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por sua atuação em episódios anteriores de ataques cibernéticos, foi sentenciado a oito anos de prisão. Ambos respondem pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

O julgamento, iniciado no dia 9 de maio, ocorre no plenário virtual da Corte e se estende até o dia 16. Nesse formato, não há discussões orais entre os ministros, que apenas registram seus votos eletronicamente.

ANÚNCIOS

Até o momento, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, já foi seguido por outros membros da turma, consolidando a maioria necessária para a condenação.

Além das penas privativas de liberdade, os ministros determinaram que Zambelli e Delgatti devem pagar, solidariamente, uma indenização de R$ 2 milhões. Moraes também definiu a perda do mandato da parlamentar, a ser efetivada após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.

A defesa da deputada reagiu, afirmando, em nota publicada nesta sexta-feira (9), que a condenação é “absolutamente injusta” e questionou a ausência de provas irrefutáveis. Os advogados criticaram o processo conduzido pelo Supremo, alegando cerceamento de defesa, desconsideração de nulidades e ausência de sustentação oral no julgamento.

ANÚNCIOS

Zambelli e Delgatti tornaram-se réus em maio de 2024, após a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ser aceita pela mesma turma do STF.

Na acusação formal, a PGR atribui à deputada um “papel central” no ataque aos sistemas do CNJ, apontando-a como autora intelectual do crime. De acordo com a investigação, ela teria recrutado Delgatti, prometendo recompensas e oferecendo uma oportunidade de trabalho em troca da invasão.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, sustentou que a intenção do crime era minar a credibilidade do Judiciário brasileiro, criando um cenário de descrédito institucional que favorecesse interesses políticos. A denúncia destaca que, além da articulação, Zambelli teria fornecido acesso a servidores ligados ao seu mandato.

Entre as ações executadas por Delgatti está a emissão de um mandado de prisão falso, atribuído ao ministro Alexandre de Moraes como se ele próprio houvesse determinado sua prisão, um gesto simbólico e provocativo que evidenciou o nível de falsificação.

ANÚNCIOS

A confissão do hacker, corroborada por perícia técnica, foi determinante para sustentar as acusações. A decisão marca um ponto crítico para a trajetória política de Zambelli, que enfrenta agora não apenas o risco de perder seu mandato, mas também a imposição de uma longa pena de prisão.

O caso, que mistura crimes cibernéticos com motivações políticas, representa um alerta sobre os limites da atuação parlamentar e o uso indevido de ferramentas tecnológicas para desestabilizar instituições públicas.

Foto do autor
Fabiana Batista Stos
Jornalista digital, com mais de 10 anos de experiência em criação de conteúdo dos mais diversos assuntos. Amo escrever e me dedico ao meu trabalho com muito carinho e determinação.

Publicado em:

Veja também