Declarações de políticos, quando mal calculadas, podem gerar ondas de caos que abalam as estruturas institucionais do país. Em meio a um cenário político tenso, qualquer palavra mal colocada pode incendiar os bastidores e causar reações em cadeia que comprometem a estabilidade entre os Poderes.
Foi exatamente isso que aconteceu após uma fala polêmica da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), sobre a possibilidade de anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro.
Durante uma entrevista, Gleisi afirmou que discutir a redução de penas ou mesmo a anistia para alguns réus poderia ser uma pauta válida dentro do Congresso Nacional. Embora tenha deixado claro ser contra o atual texto da proposta.
Suas palavras soaram como uma brecha para o perdão generalizado, o que provocou uma verdadeira revolta entre ministros do Supremo Tribunal Federal. Veja um trecho da entrevista concedida por Gleise Hoffmann:
🚨URGENTE – Gleisi Hoffmann diz que é a favor de redução de pena aos presos do dia 8, mas que Hugo Motta deu a palavra de que não pautará a Anistia
“O que não pode acontecer é uma anistia àqueles que conduziram o processo do golpe, ao Bolsonaro, aos generais.” pic.twitter.com/UiFRulI69t
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) April 11, 2025
De acordo com coluna da jornalista Andreia Sadi, integrantes do STF classificaram a declaração como “absurda” e “louca”, criticando duramente o que viram como uma tentativa do governo de fazer um jogo político arriscado. Um dos magistrados chegou a dizer que o governo “não deveria piscar” diante da pressão do Congresso.
Outros interpretaram a fala como um possível recuo estratégico diante da força da oposição, que já conseguiu reunir os votos necessários para acelerar a tramitação do projeto de anistia na Câmara.
O Planalto também tratou de se desvincular das declarações de Gleisi. Fontes internas garantem que a ministra falou por conta própria e que o presidente Lula não aprovou nem sequer foi consultado sobre a fala. Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, reforçou que a revisão de penas é responsabilidade exclusiva do Judiciário.
Mais tarde, Gleisi tentou se retratar, alegando que sua fala foi mal interpretada e que “não há anistia nenhuma em discussão”, mantendo sua posição contrária ao perdão para os articuladores do 8 de janeiro.
O episódio expôs fissuras internas no governo e reacendeu debates intensos sobre os limites entre o Legislativo e o Judiciário em temas de alta sensibilidade democrática.