Quatro anos após um crime que chocou o país pela motivação, a Justiça finalmente condenou os responsáveis pelo assassinato da empresária Indiana Geraldo Tardett.
O julgamento aconteceu nesta terça-feira (3), no Tribunal do Júri da cidade de Lucas do Rio Verde, localizada no estado do Mato Grosso, e resultou na condenação de três réus:
Cláudio Valadares dos Santos, ex-companheiro da vítima;
O sacerdote de candomblé Márcio Andrade dos Santos, conhecido como “Pai Baiano”;
Jucilene Batista Rodrigues, também ligada ao grupo religioso.
As penas somadas chegam a 63 anos e 8 meses de prisão. Segundo o Ministério Público, o assassinato foi planejado por Cláudio, que se recusava a aceitar a divisão dos bens adquiridos em sociedade com Indiana durante a união estável.
Em um gesto extremo, ele procurou o sacerdote que costumava aconselhar o casal espiritualmente, expressando de forma chocante seu desejo de eliminar a ex-companheira. A frase citada no processo. “Tem que colocar Indiana no caldeirão do Satanás”, revela a maldade envolvida na decisão.
Com a colaboração de Jucilene, o grupo atraiu Indiana para sua residência sob a alegação de realizar um ritual de reconciliação. Ali, ela foi surpreendida e atacada com um facão artesanal de mais de um quilo.
O primeiro golpe a deixou inconsciente, seguido de ferimentos fatais. O crime ocorreu na madrugada de 31 de maio de 2021, poucos dias após Indiana registrar um boletim de ocorrência contra Cláudio por ameaças e solicitar medida protetiva, que não foi suficiente para evitar a tragédia.
Durante o julgamento, que durou mais de 18 horas, os réus foram condenados por feminicídio qualificado, motivado por razões torpes e praticado com dissimulação, além de fraude processual.
O promotor Samuel Telles Costa destacou que os acusados tentaram manipular a cena do crime e até usar a alegação de intolerância religiosa para desviar a investigação.
A sentença representa uma resposta contundente à violência de gênero e à manipulação da fé para fins criminosos. Os três condenados permanecerão presos e não poderão recorrer em liberdade, trazendo alívio e um sentimento de justiça à família da vítima, que esperava por esse desfecho há quase meia década.
O caso serve como um alerta sobre os perigos de relações abusivas e o impacto da violência contra mulheres. O crime abalou a comunidade local.