Ele morreu depois de passar por complicações provocadas pela doença, que já afetou milhões de pessoas. O enfermeiro tinha planeado se aposentar logo após que terminasse essa pandemia. Trabalhava há mais de 20 anos na unidade.
Devido à pandemia, ele resolveu deixar a sua aposentaria para depois, quando tudo voltasse ao normal, para não abandonar os seus colegas durante o combate na doença, conta Everton Oliveira.
“Ele estava falando ultimamente com a gente, que já estava na hora de terminar as suas funções. A gente até disse:”Pô, nessa onda de pandemia, aproveita e vai já e se aposenta”. Mas ele respondeu que nesta fase, não ia abandonar os colegas agora, nesse momento”, relembra o tenente.
No dia de ontem, com todas as sirenes ligadas e giroflex, todos os profissionais da unidade, e do Corpo de Bombeiros, fizeram a última homenagem a Romão. Com uma emocionante carta de despedida, onde destacam o seu profissionalismo e a saudade que ele vai deixar. Pode ler-se abaixo.
A morte de Cícero foi pega de surpresa, ninguém contava com essa tragédia, ele é recordado com muito carinho por todos. Gostava muito de brincar com todos os colegas e pacientes, ele chegou ate a conversar com os amigos sobre todos os desafios que foram trazidos pela pandemia poucos dias antes de ser hospitalizado a dia 14.
Dias antes, ele falou pelo telefone com Oliveira, sobre o estado atual de saúde. O amigo diz que ele apresentava estar se sentindo bem, embora mostrasse falta de ar quando falava. A notícia da sua morte surpreendeu todos.
“Realmente ficamos todos sem contar com isso. No final de semana, nós estavamos a tomar café, na semana eu soube que ele tinha passando mal, mas falamos e ele me disse que estava bem, estava a se recuperar. Depois veio a bomba qe o seu quadro de saúde se agravou”, comenta Everton.
Diretor do Sindicato dos Enfermeiros, do estado de SP, conta que conheceu o amigo em 2009, quando ambos trabalharam na unidade onde ele estava a prestar servico.
Ele ressalta o profissionalismo do colega, com quem compartilhava o mesmo sobrenome. “O Cícero era aquele cara bastante atuante na emergência da Santa Casa. Ele era muito profissional além de gostar do que fazia. Ele tem o mesmo nome, mas nao é nada da minha família. Mas a gente até brincava um com o outro como a gente fosse primo, A gente se cumprimentava como primo”, recorda.
Para outro amigo, que também se isolou na sua própria casa, há mais de um mês, a morte do amigo traz ao de cima o medo onde envolve a luta de todos os profissionais da saúde contra Covid-19. No entretanto isso, faz parte do nosso trabalho, conta Rodrigo.
“Todos nós estamos abalados com a noticia, e ao mesmo tempo medo, com atencao. Mas além disso, é a nossa funcao. Estamos na linha de frente e temos que enfrentar isso da melhor forma”.
Via: g1.globo.com